sábado, 21 de setembro de 2013

PINGA DE CUBA!

Nunca na história deste país tantas pessoas viveram tão bem. Nunca nosso povo teve carros tão caros luxuosos, nunca tivemos casas tão bonitas e grandiosas! Mas temos o Mensalão, então, tudo o resto não vale nada! Tudo dói, tudo é ruim, quero morrer!
Faz 8 anos a Grande Mídia está batendo no Mensalão, como se aquele fato tivesse provocado um efeito devastador sobre a economia dos brasileiros. Segundo consta, passaram R$ 55,3 milhões pelo “Valerioduto”, o suposto “caixa 2 do PT”. Ainda que não haja provas concretas da participação do governo federal no episódio, fala-se dele como se fosse o último dos infernos, provocado pelo Lula e pela Dilma. 
Em todas as eleições brasileiras, bilhões (eu disse bilhões) de reais passam pelos caixas 2 das campanhas de deputados, governadores, prefeitos, vereadores. Mas isso não tem preocupado a Grande Mídia, tanto quanto preocupa o Mensalão.
Dá pra entender por que o Mensalão de 8 anos atrás não passa de um lambari num oceano de traíras e tubarões?
É muita incompetência da Grande Mídia ficar batendo num fato tão velho. Tragam coisas novas, vão investigar se Lula não está traficando pinga de Cuba! 

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

terça-feira, 17 de setembro de 2013

IMAGINE A SEGUINTE SITUAÇÃO

Num reino distante estão os guerreiros ateus, lutando contra as maldades dos guerreiros que acreditam em Deus. Estes rezam, rogam, imploram pelo paraíso, mas depois da reza passam o dia falando mal dos vizinhos, estuprando crianças e planejando o crime. Aqueles não rezam, nem pedem vida eterna, mas passam o dia fazendo pequenas gentilezas, cumprem suas obrigações de pais e maridos e estão sempre prontos para ajudar os que sofrem. Agora imagine a situação de Deus numa situação desta! 

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

CABO CLÓVIS E CONDE PUTADO


Em 1997 eu redigia a Folha Regional de Guarapuava, do editor Francisco Carboni, quando apareceu por lá o desenhista Carlos Magno. Juntos criamos os personagens Cabo Clóvis e Conde Putado, cujas histórias passamos a publicar em forma de tiras na Folha. Hoje Carlos é desenhista da Revista Marvel (procure no Google “Carlos Magno Marvel” e curta os desenhos incríveis do cara). Veja aqui a primeira tira que fizemos do Cabo Clóvis:

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A VIDA ERA LOUCA

Rubens olhou a imagem no aparelho, um grupo de figuras desfocadas chutando um homem caído no meio da rua. A vítima já se encontrava completamente inerte quando veio uma última figura e chutou-lhe a cabeça. O locutor anunciava o crime e pedia justiça.
Rubens desligou o televisor e foi à cozinha. Encheu a chaleira d’água e depositou sobre o fogo. Despejou um pouco de água na panela de arroz, algumas gotas de óleo numa frigideira e levou tudo ao fogo. O relógio na parede apontava 19h15min. Apanhou os bolinhos, onde salientavam-se pedaços de cebola e salsa, jogou sobre o óleo fumegante. Enquanto a fritura chiava, abriu a janela e vislumbrou, entre os ramos desfolhados de uma parreira, uma ponta de céu tingida de estrelas.
Respirou fundo, como se preparasse um mergulho num lago desconhecido. Lá estava o extraordinário inalcançável, a imutável verdade cósmica! O que se transformava naquela imensidão era demasiado distante para que ele pudesse antever algo como redenção, ou outras promessas religiosas. As mesmas leis que regiam as estrelas elaboravam homens que se matavam nas ruas! A vida era louca, um evento inadmissível num universo feito de vazio e pedras, uma inconsistência no tecido aparentemente sólido da escura realidade.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

UM BURACO NO MEIO DO DESERTO

Há outras formas de tratar problemas como o que a Síria está enfrentando. Diplomaticamente, humanamente, mas os homens ainda não aprenderam a conversar. Então vai o xerife Obama (como seus antecessores, xerife Nixon, xerife Reagan, xerifes Bush, etc), solta um monte de bombas, destrói cidades e passa alguns meses metralhando inocentes. Essa é a solução que muita gente quer. Foram ao delírio quando as bombas  começaram a cair sobre Bagdá, e agora preparam-se para o gozo diante do iminente bombardeio de Damasco. 
Essas invasões americanas me lembram de uma história do ranger Tex Willer. Acompanhado de seu cunhado, Jack Tigre, encontrou um buraco de um metro de diâmetro no meio do deserto. Por meio de uma corda eles desceram e encontraram lá embaixo um reino escondido. Havia um ditador e o povo lutava para derrubá-lo. Tex e Tigre entraram na luta a favor dos revoltosos, mas no final provocaram uma grande catástrofe, na qual sobreviveram somente os "heróis", isto é, Tex e Tigre. Todos os outros morreram. 
São assim os "heróis" americanos, matam para provar que é errado matar, e com isso mantêm em pé sua gigantesca indústria armamentista, enquanto garantem o fornecimento de petróleo barato do Oriente Médio.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

BANDA ROCK MIL

— Pai, quando eu crescer vou montar uma banda de rock.
— Que legal, Julian! E você me deixa tocar na tua banda?
— Deixo, sim, se você ainda conseguir tocar. Eu vou ser o baterista.
— E eu vou tocar guitarra base.
— Tudo bem. Mas só se você não ficar um velho chato.
— E como é que vai ser o nome da banda?
— Vai se chamar Rock Mil, porque nós vamos fazer umas músicas radicais.
— Que massa! Vou gostar muito de tocar com você.

— Tudo bem. Se você não morrer até lá...

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

FERRUGEM

Toda dominação é ilusória, porque todas as correntes estão sujeitas à ação do tempo. Elas enferrujam. As ligas se desfazem. E todas as vontades, como os átomos livres de seus elos opressivos, saem para passear. As correntes modernas, como o aço, têm uma liga mais resistente e duradoura, mas o tempo é paciente e segue na certeza do aço enferrujar.

sábado, 7 de setembro de 2013

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

DESIGN

Deus utilizou o estilo clássico
para desenhar os espadachins,
esculpiu com cortes cubistas
o rosto dos generais
e deu um toque impressionista
à compleição dos menestréis.
Com art nouveau
definiu os escafandristas
e com a espátula barroca
pintou a carranca dos juízes.
Um lápis pós-moderno
riscou a marca indefinível
de sua própria face.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

NOVAS FACES DA IMORALIDADE

A comunicação rápida e intensa proporcionada por sistemas como este Facebook está criando uma nova realidade. Nunca nos expusemos tanto, nunca criticamos tanto, nunca mostramos tanto nossas virtudes e nossas mesquinharias. A maioria entre nós nunca havia tido qualquer contato direto com meios de comunicação, e é natural que estejam bastante extasiados, um tanto apavorados, evidentemente deslumbrados com o sucesso que fazem com suas postagens diárias. E isso vai a tanto que alguns perderam completamente a noção do que é válido nesta arena. Não é porque esse canal é aberto que temos o direito de expor as vísceras do miserável que acabou de morrer atropelado! Não é porque este site não tem censura que você pode expor o corpo da menina que foi estuprada, assassinada e queimada! Apesar da TV e da internet mostrarem todos os dias que os valores humanos estão todos na lama, você não pode acreditar que está num mundo perdido no qual pode avançar sobre os direitos dos outros.
Expor o corpo queimado de uma pobre garota é um abuso tão grande, tão idiota e tão cruel como aquele cometido pelo assassino. É preciso ser muito sádico pra cometer uma barbaridade dessas.  Você pode se iludir pensando que é justiceira(o) postando essas fotos cruéis. Mas pense só por um instante: e se fosse você no lugar dela? Gostaria de ser exposta(o) assim, estuprada(o), machucada(o), assassinada(o)? É isso que aquela pessoa merece? Há outras formas de fazer protesto. Se você for lá e der a esse matador cretino o mesmo tratamento que ele deu à vítima, terá o meu apoio, mesmo que isso signifique aplicar a Lei do Talião. Expor o corpo daquela criança, da forma como está sendo exposta, jamais.


MÉDICOS DA ALMA

Para a Igreja, todo cidadão que cancela a própria vida está irremediavelmente condenado ao inferno. Para a psicologia, o indivíduo é um mero covarde.
Li um artigo, assinado por um psiquiatra, com o título “O suicida é um covarde”. Não é necessário comentar o texto, pois o título se encarrega dos estragos. 
Penso nos filhos e na mulher do suicida. Que podem estar sentindo após o veredicto de um profissional? As pessoas costumam levar muito a sério os comentários de profissionais, principalmente dos que atuam na área da saúde, o que torna extremamente perigosas suas afirmações. Se o psiquiatra diz que o suicida é um covarde, os familiares do suicida estão pensando será que meu pai, meu marido, meu irmão, era de fato um covarde?
Para cometer suicídio é preciso ter muita coragem. Como o próprio psiquiatra diz em seu artigo, a maioria de nós já pensou em cometer suicídio. Se é verdade, por que não nos matamos?
Nenhum psiquiatra jamais saberá o que de fato acontece com a mente de seus pacientes, pelo simples fato de que o paciente é um universo, extenso e complexo. A consciência humana é uma nuvem, que vai se misturando a outras nuvens, e de repente cai a tempestade. O analista pode supor, porém, a verdade ele nunca saberá. E quando se trata de analisar as particularidades psicológicas de uma pessoa que sequer conheceu em vida, a questão fica ainda mais difícil. Quem é tão onipotente para saber o que tal pessoa estava pensando, ou sentindo, durante aquele instante poderoso, em que decidiu renunciar à própria vida? Que temores anunciava ao dar fim às suas dores? Que alegrias buscara e por quanto tempo lhe foram negadas? Qual outra consciência seria capaz de perceber os sentimentos daquela consciência que acenava com um bilhete de algumas pequenas frases aos que deixava, quando algumas milhares de folhas precisariam ser escritas para que se pudesse entender a totalidade das sensações que lhe ocorreram durante a vida?
Freud deu poderes demasiado pesados aos seus aprendizes. A argumentação psicanalítica tem uma lógica poderosa, porque vai buscar no cerne, na fonte geradora de todo raciocínio. Mas o raciocínio, a princípio, obedece a lógica nenhuma. Talvez Freud haja compreendido, mas não explicou direito aos aprendizes. Um homem só será capaz de analisar a psique de outro homem após rever, analisar, moer, fazer virar pó e reconstruir sua própria vida, como provavelmente o pai da psicanálise fez com a sua.
Não será o raciocínio que os estudantes de psicologia encontram nos livros que lhes dará respostas durante a análise dos pacientes. Um momento de suicídio, por exemplo, é um fato único, inimitável, incomparável. O momento da decisão foi o desfecho de uma vida inteira e tornou-se fato a partir de um conjunto de inumeráveis pequenos acontecimentos que jamais serão resgatados por nenhuma Ciência. Chamar um homem de covarde em função de apenas um ato seu significa condenar toda sua vida. Quem, no entanto, saberá dizer seus inumeráveis instantes de coragem, aqueles que a psiquiatria não viu, nem registrou?

Por outro lado, não podemos menosprezar o papel da psicologia, quando atua como humilde investigadora dos nossos fracassos. Se põe-se a buscar as minúcias de uma mente perturbada — e somos todos perturbados, nos mais diferentes graus — pode tornar-se um instrumento poderoso, não somente na salvação de uma vida, mas na evolução do complexo humano.
Se os psicólogos assumissem sua importância vital no desenvolvimento de uma escola saudável, cada instituição teria pelo menos um deles disponível para cada série escolar, e seu salário seria equivalente ao de um médico. Mas publicidade dos psicólogos junto à população é desanimadora. Parecem eles mesmos não compreender o significado de seu status. Sim, é uma questão de significado. O que significa esmiuçar a dinâmica que leva a um pensamento elaborado, ou a uma paranóia? Se temos como certo que a força do nosso cérebro é o que nos identifica dentre outros animais, por que essa tremenda dificuldade em compreender que a psicologia é mais eficiente que a medicina no tratamento das nossas doenças, aquelas que realmente nos matam?
Reflita: o que nos causa mais indigestão? Frituras ou depressão? O que nos provoca mais infartos? Problemas na válvula mitral ou dívidas? O que gera mais câncer: radiatividade ou tristeza?