Sim, é triste dizer, mas em conjuntos de cem pessoas quase sempre você encontrará duas ou três pessoas com quem pode realmente contar. As outras podem agradar você, trazer presentes e novidades, porém mal sentem o cheiro de queimado abandonam o navio e não se importam se você vai virar petisco de tubarão. Outras duas ou três talvez queiram trazer uns baldes d’água e contribuir para debelar o fogo, mas diante do perigo ficarão paralisadas, porque, por algum motivo inexplicado, em horas como essa sempre perdem o comando dos próprios músculos.
Além da ignorância e da maldade, os comandantes do fim do mundo terão de combater a covardia daqueles que compõem as suas fileiras. Os antigos generais punham soldados à luta à base de discursos inflamados em favor de uma “pátria livre”. Geralmente, nesses casos, o que realmente levava os bravos aos campos de confronto era a possibilidade de saque das cidades conquistadas. Nas Forças Armadas os recrutas passam por uma lavagem cerebral tamanha que após alguns meses de treinamento brutal tudo que eles querem é seguir para a guerra – segundo me disse um antigo funcionário do Exército. Mais recentemente os soldados têm sido levados à luta à custa de muito dinheiro. Os States recrutam mercenários em vários países do mundo para levar adiante suas colunas mortíferas no Oriente Médio e outros confins.
Nas lutas políticas ou intelectuais o que mantém o esquadrão em pé são os mais variados interesses, e é certo que em determinados momentos, quando o navio começar a adernar, os fracos pularão nos botes salva-vidas. F
Falo de cadeira: houve um momento em que me vi obrigado a deixar meus amigos aos tubarões, acossado por circunstâncias que estavam além das minhas forças. O que aprendi com isso? Que antes de ir à luta preciso combater o mil diabos que se debatem dentro da minha própria cabeça, para não correr o risco de ser o primeiro a perder a esperança e sair correndo de medo do bicho feio!
Nenhum comentário:
Postar um comentário