quinta-feira, 21 de maio de 2009

CRÔNICA DAS LUZES

A mais delicada das propriedades da luz é o seu caráter não penetrante. A mais fina das películas opacas veda sua passagem, ainda que ela tivesse potência para atravessar o cosmo através da eternidade. Por que se propaga no vácuo tamanha força e jamais se esgota? Ao contrário de outras “substâncias”, um raio de sol jamais enferruja ou fenece.

Acaso há algo no fundo firmamento que ela alcance em seu eterno propagar-se? Que fundos de universos iluminaria, qual a cor do nada que encontra ao término da grande abóbada cósmica? E a mais absurda das questões, que exige uma resposta igualmente absurda: ao deparar com o fim do mundo, desde que não seja um anteparo, em que substância a luz se propagaria absorvida no nada, ou, lembrando Lavoisier, em que se transformaria tendo encontrado seu termo? A impossibilidade de imaginarmos a luz desintegrada pela súbita presença do nada não deixa acreditar na finitude do universo. É possível conceber fins relativos, mas jamais o termo absoluto.

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