domingo, 11 de outubro de 2009

A LUA VAI LEVAR BOMBA

Dia desses,
para ver seu lado oculto,
vamos jogar uma bomba
e desgoverná-la.
Lua.

Estes versos de Roberto Cantins foram escritos há aproximadamente 10 anos. Uma profecia que está prestes a se cumprir.
Depois que os norte-americanos explodirem a bomba naquela superfície silenciosa, que há milhões de anos não sofre o ataque de um asteróide, nossa amiga Lua vai nos virar a bunda, finalmente mostrará o lado oculto e abandonará nossa órbita para sempre.
Ficaremos sem as marés, os peixes não saberão mais procriar, nem saberão em que dia e hora poderão ser pescados. Os pés de ameixa não saberão a data certa para serem plantados, e as mulheres perderão seus ciclos de fertilidade. As novas sementes permanecerão em seus ovários, aguardando o retorno da Lua. Se ela não voltar, a humanidade e todos os seres dependentes da sua força e luz terão o mesmo fim.

Violência a céu aberto
A violência com que portugueses e espanhóis atacaram a América foi condenada séculos afora, mas os norte-americanos não aprenderam a lição. Acreditam que suas operações “objetivas” estão levando a humanidade a um estado de graça, mas esta é a visão de um míope. A humanidade caminha com outras pernas, evolui com outros artifícios, descobre-se com outras ferramentas.
As novas invenções — atenção, não são realmente descobertas, mas criações matemáticas! — da ciência médica e da química talvez possam explicar como funcionam o ribossomo, a divisão celular e a carta genética. Mas para que isso? Para prolongar nossas vidas miseráveis? De que adianta prolongar a vida, se não podemos curar o espírito aviltado, sanar a fome esganiçada, conter da marcha sem freios?
Audrey Farah disse que os Estados Unidos estressaram o mundo. E todos os dias, em cada ação cotidiana, percebemos que nos deixamos estressar. Meus amigos estão quase todos gordos e inchados, hipertensos. Querem, mas não conseguem mais parar para conversar. Acreditam na importância de se ler todas as mínimas mensagens que aparecem sempre que abrem uma janela do Windows, mas já não abrem as janelas de suas próprias casas para dar adeus aos conhecidos. Não abrem as janelas de seus olhos para contemplar e abençoar as paisagens magníficas que a Natureza continua nos proporcionando apesar das bombas.
Estamos ausentes de nossas vidas e das pessoas que amamos. Queremos chegar aos confins do universo, e vamos jogando bombas para abrir o caminho, enquanto nossas velhas e frustradas almas continuam recobertas com a velha e endurecida carapaça. Nossos corpos, vestimentas de nossas almas, a cada dia mais cobertos com novas maquiagens e novos conceitos para esconder o mais fundo possível os nossos gritos de animais acuados.

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