A intenção de criar um Estado nazista não morreu com Hitler. Persiste de forma sutil das Leis do Mercado, que pretendem planificar as consciências de forma que todos aceitem, aplaudam e comprem os produtos oferecidos. Se o mercado pudesse produzir homens em série, é certo que o faria, com o objetivo de facilitar e fortalecer o controle. Acossados pelos conceitos oferecidos pela mídia, os homens em geral não percebem o quanto perdem de suas vidas, ao excluírem de sua percepção os detalhes que a propaganda recobre e esconde com o propósito de vender produtos prontos e acabados.
Vejamos, por exemplo, a Mulher, o “produto” mais almejado pelos homens. A mídia acredita que na cabeça dos homens há um impulso primevo de desejar a mulher “tipo violão”, com cintura fina, quadril arredondado e balouçante, com pernas longas, nariz arrebitado, boca carnuda, andar de gazela, etc. Nos últimos anos, a mulher perfeita tornou-se alta, esguia, e tem necessariamente olhos de gata e cabelos lisos. E as mulheres se vêem obrigadas a correr atrás de academia, salão, farmácia, clínicas e benzedeiras para satisfazer a esse suposto querer masculino. Os homens, no entanto — à exceção dos travados — estão à procura de coisas mais preciosas que uma simples aparência. Um homem inteligente quer saber daquilo que a mulher guarda sob os véus de sua feminilidade. A começar pelo aspecto físico. Há detalhes anatômicos belíssimos nos corpos desprezados por aquele padrão midiático, que podem ser percebidos e desfrutados por um homem sensível. Além disso, cada mulher tem um comportamento único — pelo menos, aquelas que não se esforçam para entrar no padrão do mercado — gestos singulares que caracterizam suas personalidades, e que se traduzem em encanto e sedução. Um jeito só seu de oferecer carinho, um modo seu de receber uma carícia. Um cheiro exclusivo, uma textura de pele, um sabor inusitado, um murmurar jamais ouvido na história do mundo, um timbre de voz que só a ela foi dado, um jeito de andar e de abraçar que mais ninguém possui. Uma forma de expressar agrado e contentamento. Um jeitinho de pedir desculpas e uma tristeza rara no instante de chorar. Uma forma sua de segurar, ou de derrubar o pacote de compras, um modo seu de discutir e de perdoar. Quem fala destas coisas? Qual agência de publicidades trabalha com essas possibilidades, com a infinita gama de peculiaridades do gênero Mulher? A mídia trabalha convicta de que o “homem-médio” é um ignorante rematado, que jamais sairá das trevas, e oferece as informações que venham satisfazer esse homem-bruto, mantendo-o faminto (oferecendo produtos cada vez mais “perfeitos” e sofisticados), mas sereno o suficiente para que não saia à rua quebrando tudo. Não há projeto de mídia que vise melhorar o homem, exceto nesta mídia caótica e democrática chamada Internet.
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