quinta-feira, 25 de abril de 2013

O SILÊNCIO É UMA ESCURIDÃO


As questões morais não entram nos gabinetes governamentais. É por isso que se faz o mínimo suficiente, e ninguém se sente culpado. Algum serviço aparece, e como não há governos melhores para comparar, o povo se conforma.
O prefeito vai na rádio falar de seu grande esforço pela Saúde do município. Anuncia uma farmácia com remédios a preços populares patrocinada pelo governo federal, mas nada fala sobre o posto de saúde central, que alaga sempre quando chove. Uma farmácia no centro da cidade vende remédios exclusivos do SUS e ninguém se pergunta: de onde veio esse remédio? Há alguma ligação com a saúde pública municipal? Por que o presidente da Câmara, ex-secretário de Saúde Municipal, nada diz sobre isso? O silêncio é completo, e o silêncio é uma escuridão!
O melhor, digo o pior exemplo de omissão está na área educacional. Os governos fazem o mínimo, prevenindo uma comoção demasiado forte dos agentes educacionais. O projeto do governo estadual contempla a gritaria e as greves. Não se iludam, portanto, amigos grevistas. Seus cartazes e gritos na frente do palácio Iguaçu só fazem confirmar as expectativas de quem está lá no alto, contemplando pelas janelas de cristal. Eles estão ganhando altos salários, e sabem que não serão facilmente desalojados de seu berço esplêndido.
A lei determina que o governo deve gerir a educação, e é somente por isso que algumas salas de aula são construídas, e que os professores ganham um mínimo salário. O quanto os alunos estão aprendendo, não interessa. A forma como a escola está influindo na vida dos jovens, pouco importa. O que e como as escolas estão ensinando? As escolas estão sendo eficazes na construção da cidadania? Estão libertando as almas dos candidatos a adultos do futuro? Perguntas supérfluas. Só o que vale é que nos testes de avaliação as escolas públicas não caiam demasiado no gráfico, e, se possível, que subam alguns décimos.
Nossa noção de qualidade está muito baixa. Talvez porque aprendemos a nos conformar com muitos fracassos na área pública. São tantas as denúncias de corrupção e omissão que já não sabemos mais qual é o nosso papel, então preferimos ficar quietos. Podemos influenciar as medidas do governo? O que podemos fazer? Os educados europeus nos ensinam. Quando o governo começa a pipocar, eles não vão à frente do palácio com bandeirinhas. Eles tomam as ruas e quebram tudo! Somente assim, com medo de perder o cargo e o gordo salário, aqueles dos gabinetes mexem as bundas de suas confortáveis cadeiras!

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