As questões morais não entram nos gabinetes
governamentais. É por isso que se faz o mínimo suficiente, e ninguém se sente
culpado. Algum serviço aparece, e como não há governos melhores para comparar,
o povo se conforma.
O prefeito vai na rádio falar de seu grande
esforço pela Saúde do município. Anuncia uma farmácia com remédios a preços
populares patrocinada pelo governo federal, mas nada fala sobre o posto de
saúde central, que alaga sempre quando chove. Uma farmácia no centro da cidade vende
remédios exclusivos do SUS e ninguém se pergunta: de onde veio esse remédio? Há
alguma ligação com a saúde pública municipal? Por que o presidente da Câmara,
ex-secretário de Saúde Municipal, nada diz sobre isso? O silêncio é completo, e o silêncio é uma escuridão!
O melhor, digo o pior exemplo de omissão está
na área educacional. Os governos fazem o mínimo, prevenindo uma comoção
demasiado forte dos agentes educacionais. O projeto do governo estadual contempla a
gritaria e as greves. Não se iludam, portanto, amigos grevistas. Seus cartazes
e gritos na frente do palácio Iguaçu só fazem confirmar as expectativas de quem está
lá no alto, contemplando pelas janelas de cristal. Eles estão ganhando altos
salários, e sabem que não serão facilmente desalojados de seu berço esplêndido.
A lei determina que o governo deve gerir a
educação, e é somente por isso que algumas salas de aula são construídas, e que
os professores ganham um mínimo salário. O quanto os alunos estão aprendendo,
não interessa. A forma como a escola está influindo na vida dos jovens, pouco
importa. O que e
como as escolas estão ensinando? As escolas estão sendo eficazes na construção
da cidadania? Estão libertando as almas dos candidatos a adultos do futuro? Perguntas supérfluas. Só o que vale é que nos testes de avaliação as escolas públicas não
caiam demasiado no gráfico, e, se possível, que subam alguns décimos.
Nossa noção de qualidade está muito baixa.
Talvez porque aprendemos a nos conformar com muitos fracassos na área pública.
São tantas as denúncias de corrupção e omissão que já não sabemos mais qual é o
nosso papel, então preferimos ficar quietos. Podemos influenciar as medidas do
governo? O que podemos fazer? Os educados europeus nos ensinam. Quando o
governo começa a pipocar, eles não vão à frente do palácio com bandeirinhas.
Eles tomam as ruas e quebram tudo! Somente assim, com medo de perder o cargo e
o gordo salário, aqueles dos gabinetes mexem as bundas de suas confortáveis
cadeiras!
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