quinta-feira, 16 de maio de 2013

QUANTAS MORTES EXISTEM NUMA LOCADODA DE VÍDEO?

 
Dias atrás instalou-se uma locadora de vídeo aqui perto de casa. Fui dar uma olhada.
— Tem aí algum filme europeu?
— Não.
— Um filme italiano. O Quinteto Irreverente, Leolo, Amarcord ...
— Não.
— Um daqueles filmes escandinavos, que falam daquelas verdades cortantes, que mostram uma realidade...
— Desculpe, senhor, não temos.
— Quem sabe um romântico filme francês... Claude Lelouch, Louis Male...
— Não.
— Um desses filmes que conseguem ser fascinantes mesmo sem o auxílio de uma magnum ou uma escopeta.
— Não. Mas... espere um momento. Acho que sim. Temos, sim. Um filme italiano. Aguarde um pouco que vou dar uma olhada lá no depósito. Sabe como é, abrimos ontem, a gente ainda não conseguiu organizar tudo aqui.
— Compreendo.
Logo que ele saiu da sala olhei para o lado e vi o Mel Gibisão me apontando uma arma. Desviei os olhos e dei com o João Cláudio Vão Drama. Em sua boca quadrada, com seus dentes cerrados tirava o pino de uma granada. Tentei fugir, mas logo fui cercado por Roberto de Miro, Silvestre Está na Lona e Adalberto Beteforde. Cada um me mirava com uma bazuca e esbravejava: “Devolva meu punhado de dólares, seu sanofpitche”! Comecei a enfiar as mãos nos bolsos em busca de pelo menos um centavo de real. Nada. Só umas sementes de milho. Por sorte chegou o dono da locadora e me salvou.
— Eu estava certo — disse ele. — Tinha mesmo um filme italiano. Dê uma olhada.
Na capa da fita havia uma foto da loiríssima Ciciolina, brincando com uma arma que não fica bem descrever nas páginas de um site familiar.

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