Leonardo
Valenga, filho de imigrantes poloneses, tinha dois sonhos: trabalhar como
marceneiro e casar com uma mulher chamada Maria. Em 1921 partiu da colônia São
Pedro, próximo a Curitiba, rumo a Irati. Lera no jornal Lud que nesta cidade
havia muitas vagas para marceneiro. Mal chegou à estação, ouviu o rumor de
serras e bigornas que se espalhavam pelo vale. Imediatamente foi contratado
pelo ferreiro João Dziekievicz. E para completar sua felicidade, quem lhe
serviu o primeiro almoço, na casa do patrão, foi uma bonita moça chamada Maria
Pszedzimirski.
Entre
os descendentes de Leonardo e Maria está o ferreiro-escritor Gaspar Valenga. Nasceu
em Riozinho no dia 19 de abril de 1923. Durante a infância, com seus amigos de
Riozinho, Gaspar corria junto à estrada de ferro, gritando para o trem que
passava: “Queremos livros!”. Como ainda não havia estação, o trem não parava.
Mas algum tempo depois os passageiros e maquinistas começaram a jogar revistas,
livros e os almanaques Capivarol e Biotônico Fontoura.
Em
1938 a estação de Riozinho foi “lamentavelmente demolida, para tristeza de
todos que a conheceram e se lembram do burburinho que se assistia, a cada
chegada dos trens” (Gaspar Valenga, 2003). No mesmo ano foi instalada a estação
de Engenheiro Gutierrez.
Mais
de 60 anos depois, Gaspar lançou seu primeiro livro: “Irati: minha vida, nossa
história”, sobre a vida de seus pais e da comunidade de Riozinho. Foi o
primeiro de uma série de três publicações.
Embora
tenha estudado somente até a 3a série do ensino primário, seu texto
é fluente e bem-humorado.
Gaspar
casou-se com Catarina Kobelarsz, vinda da Iuguslávia em 1924. Aprendiz de
Ludovico Paz, ele tornou-se um dos mais conhecidos ferreiros de Irati.
Em
junho de 1990 Gaspar foi destaque na revista Família Cristã, num reportagem
intitulada “Vida de ferreiro”. Sua história também foi publicada na revista
Globo Rural, em 1996, na matéria “Tradição de resistência”.
Valenga
presidiu várias associações de Riozinho, tornando-se cidadão benemérito de
Irati em 1993. Também é membro da Academia de Letras do Centro Sul - Alacs.
Gaspar escapou por um fio dos combates da II
Guerra Mundial. “Quando Hitler
ficou sabendo que eu e o Raul Kaminski estávamos nos preparando pra entrar na
guerra, disse ‘vamos largar mão desse negócio’, e entregou os pontos”.
(Gaspar Valenga, no lançamento de seu livro “Memórias de um ferreiro”, em 18 de
abril de 2008)
DE
RIOZINHO A GUARAPUAVA
A
estação ferroviária de Riozinho foi construída em 1912. No dia 15 de junho de
1928 realizou-se a solenidade de início da construção da estrada de ferro
ligando Riozinho ao “futuroso Município de Guarapuava” (A Semana, 1928), com a
presença do presidente do Estado, Affonso Alves de Camargo. Devido à Revolução
de 1930, as obras foram paralisadas durante alguns anos. Em janeiro de 1938 o
jornal O Pharol, de Guarapuava, anunciava que “41 quilômetros da sonhada
ferrovia do Oeste estão prontos, em tráfego — portanto, estão se aproximando da
nossa terra as pontas dos trilhos”. Para infelicidade dos guarapuavanos, a obra
arrastou-se por mais 16 anos. O apito da maria-fumaça ouviu-se naquela cidade
somente no dia 17 de dezembro de 1954. A primeira locomotiva foi recebida na
Pérola do Oeste com uma pomposa festa.
Um comentário:
Tinha que trocar a cor da fonte no texto do Ferreiro Escritor
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